Dubrovnik–Croácia

 

Dubrovnik, 14-15 de setembro de 2016.

Saimos de Budva no dia 13/09/2016, cruzamos a fronteira Montenegro-Croácia, e  chegamos em Dubrovnik as 14:00. Após o almoço incluido no pacote da Queens, tivemos a tarde livre.

Dubrovnik (que os italianos chamavam de Ragusa) é uma cidade costeira da Croácia. É um dos destinos turísticos mais concorridos do Mar Adriático. Em 2001 a população da cidade era de 30.500 habitantes.

Epidaurus era uma antiga colônia Grega, supostamente fundada no século VI a.C.. Em 228 a.C. os romanos a dominaram e rebatizaram de Epidaurum. Ela era localizada a 15 quilometros ao sul de Dubrovnik, onde hoje é a cidade de Cavtat. No século VII Epidauros foi invadida e destruída pelos avars e eslavos. Seus habitantes bateram em retirada, e se estabeleceram numa ilha, onde hoje é a cidade velha de Dubrovnik.

A cidade esteve ainda sob domínio do Império Romano, foi governada pela Republica de Veneza (1025-1358). Entre 1382 até 1804 foi dominada pelos turcos otomanos. Para ter sua independência, Dubrovnik fez um tratado com os otomanos: pagava a eles um tributo anual. Todos os anos, uma comitiva ia até Istambul, para pagar o tributo. Os integrantes desta comitiva permaneciam em Istambul como garantia de pagamento do próximo ano. Após ficarem um ano como reféns (ou sequestrados ?), eram liberados com a chegada da nova comitiva com o tributo. Esta comitiva nova ficava então em Istambul, iniciando-se um novo ciclo.

A cidade prosperou com o comércio marítimo durante a Idade Média, rivalizando com Veneza. O apogeu da cidade deu-se nos séculos XV e XVI.

No século XIX até o inicio da Segunda Guerra, Dubrovnik esteve sob o domínio do império autro-hungaro.

Dubrovnik era chamada de República da Ragusa, foi na Idade Média uma cidade muito além de seu tempo. Já em 1272 estabeleceu um Estatuto, regulamentando a vida dos cidadãos. Em 1301 inaugurou um serviço médico, em 1317 uma farmácia (que funciona até hoje). Em 1347, inaugurou um asilo, em 1377 um hospital de quarentena (Lazarete). A escravidão foi abolida em 1418, e um orfanato foi aberto em 1432. Em 1438 foi inaugurado um sistema de fornecimento de água, que substituíram as cisternas.

Em 1991 foi cercada e bombardeada pelas forças sérvia e montenegrinas, o que provocou grandes destruições.

O turismo moderno em Dubrovnik iniciou-se oficialmente com a inauguração do Hotel Imperial, em 1897. Nos hospedamos neste hotel. Bem localizado, tradicional, mas o carpet dos quartos estava pela hora da morte.


O centenário Grand Hotel Imperial

A cidade velha de Dubrovnik é o polo turístico da cidade. Ela é uma cidade amuralhada, e muito bem conservada. Andar por ela é como voltar a Idade Média.

Mapa da cidade velha. O portão Pile é a entrada para a cidade, que é cortada pela sua rua principal, a Stradun.

Cidade velha – vista aérea.

A Stradun é a rua principal, que corta a cidade velha (stari grad, old town) de Dubrovnik. Até o século XIII era um pequeno rio lamacento, que foi aterrado.

Stradun, visto da muralha.

Visitamos o Palácio dos Reitores,  antiga residência oficial do reitor, a autoridade máxima da República Ragusa (Dubrovnik), uma construção de meados do século XV, em estilo gótico e renascentista com algumas adições barrocas, que atualmente aloja o departamento de História do Museu de Dubrovnik. O reitor era eleito por um conselho  e o seu mandato durava um mês, durante o qual não estava autorizado a deixar o palácio,  nem  podia receber amigos ou familiares.

Apesar de sofrer inúmeras restaurações através dos séculos, manteve sua forma original.

Palácio dos reitores (a direita)

Pátio interno do Palácio dos Reitores, em Dubrovnik, apinhado de turistas.

Por esta porta entravam os conselheiros e o reitor de Dubrovnik, os políticos da época. Sobre ela, lê-se “Obliti privatoru, publica curate”, expressão latina que quer dizer “esqueça o privado, cuide do público”.

Ao lado do Palácio dos Reitores, está a Catedral da Assunção da Virgem Maria, ou como é conhecida, Catedral de Dubrovnik. A igreja original foi construida no início do século XII.  Um dos maiores contribuintes para construção foi o rei Ingles Ricardo Coração de Leão, como tributo por ter sobrevivido a um naufrago em 1192, em seu retorno da Terceira Cruzada. Em 1667 foi destruida por terremoto. O senado de Dubrovnik contratou então um grupo de arquitetos italianos para construir a nova catedral, completada 30 anos depois, em 1697.


Catedral de Dubrovnik, vista do Palácio dos Reitores

Interior da Catedral de Dubrovnik.

… esse monte de caixas de papelão para estragar minha foto

No final da Stradun (no lado oposto a entrada Pile), ao lado da torre do relógio, existe uma pequena fonte chamada Pequena Fonte de Onofrio.  Ela foi construida entre 1440 a 1442 e naqueles tempos em que não existia agua encanada, serviu a população por séculos; e continua funcionando até hoje.  Foi projetada por Onofrio della Cava, e feita pelo escultor italiano Petar Martinov.

A pequena e charmosa fonte de Onofrio.

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Proximo a fonte de Onofrio, também no final da Stradun, na extremidade oposta a Porta Pile (entrada principal) está a Coluna de Orlando. É uma coluna de pedra, esculpida em forma de um guerreiro mediaval, Orlando (ou Rolando), sobrinho de Carlos Magno. Orlando está empunhando sua famosa espada, a “durindana”.

A coluna foi esculpida por Antun Dubrovcanin e Bonino di Milano, em 1418. Há uma lenda que diz Orlando ter salvado Dubrovnik de um  longo cerco dos serracenos (mulçumanos árabes), e esta estátua seria para homenagea-lo pelo feito. Entretanto, essa história é falsa.

A verdade é que a estátua de Orlando (ou Rolando) tornou-se um simbolo de aliança com o reinado Hungaro-croata. Era comum naqueles tempos as cidades distantes do reinado ereger uma estatua de Orlando, indicando que ela estava sob proteção do reinado.

Sobre a coluna, há um pequeno platô, onde se realizavam proclamações públicas. Por muito tempo a coluna foi também local de punições públicas.

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Fizemos uma visita na Igreja São Blasius (St. Vlaho, para os Croatas), o santo padroeiro da cidade.  A igreja original foi eregida em 1368, mas foi destruida no terremoto de 1667. Reerguida, foi novamente destruida por um incendio em 1706.

Em 1715 a cidade decidiu fazer uma nova igreja no local, contratando o arquiteto veneziano Marino Gropelli. É a que permanece até hoje.

Conta-se que no dia 03 de fevereiro de 971 um santo apareceu para um padre, avisando que uma frota veneziana estaria prestes a invadir Dubrovnik. A cidade tomou todas  as precauções de defesa, e a frota veneziana desistiu do ataque.  O santo, São Blasius foi declarado protetor da cidade.  Desde o ano 972, no dia 03 de fevereiro a cidade para para homenagear o santo. Esta tradição perdura até hoje.

Igreja de São Blasius (interior)

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O grupo todo foi ao teleférico, chamado de Dubrovnik Cable Car. Não sei por que esse nome, “cable car” para mim é bondinho movido a cabo. Construido em 1969, o topo do bondinho (observatório) é muito bem estruturado, bem feito.

Teleférico, cidade velha e a ilha Elaphiti.


Mirante do teleférico. Lá embaixo, a cidade velha. Foto clicada pelo nosso amigo Gilberto, de Camboriu. Valeu Giba !
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Passeando pela cidade, vi esta estátua de bronze muito bem feita. Quando a coisa é de bronze, pode ter certeza, é importante.  Mais bonito que a estátua são os quatro paineis do pedestral. Um painel em cada lado.  Fotografei, não tinha identificação de quem era o ilustre, “depois vejo quem é este cidadão”, pensei.

Agora, no Google descobri que trata-se de Giovanni Francesco Gondola (1588-1638), um escritor e poeta nascido em Dubrovnik, mas que escreveu toda sua obra em italiano e latin.

Os painéis são com certeza cenas de alguma de suas obras.

O primeiro painel é de um homem (supostamente um pastor, pois empunha um pequeno cajado) sinaliza um exército que parte para alguma guerra.

O segundo painel é uma cena dramática, um ancião ameaça suicídio. Um casal tenta demove-lo da idéia, e neste momento um cavaleiro passante para  curioso. Provavelmente é ele que vai salvar a situação.



Nesta cena, a moça seminua com um cocar de louros representa a vitória. O cara metido em cima do cavalo é o vitorioso, e os derrotados estão subjugados, ao chão. Como trajam turbantes, devem ser os famigerados otomanos.


O quarto painel é de uma rainha, com seus dois dragãozinhos de estimação, tratados a ração empacotada. Lá atras, um homem observa, outro  está pensativo, a mulher encantada observa a rainha, o homem de turbante tá nem aí, uma mulher chora e outra joga as mãos aos céus implorando por não sei o quê.


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O arquiteto e engenheiro Onofrio della Cava construiu um aqueduto com duas fontes públicas, ambas construidas em 1438. Uma delas, a Grande Fonte de Onofrio fica na praça imediatamente apos a Porta Pile. Alguns elementos de decoração original da fonte foram perdidos no terremoto de 1667, mas a fonte funciona até hoje.



A Grande Fonte de Onofrio tem 16 bicas, que saem da boca de mascarons (máscaras decorativas).

Logo ao lado da Porta Pile, no inicio da Stradun fica o Mosteiro Franciscano (Franjevacki Samostan) , obra do século XIV, com seu mosteiro, farmácia e um pequeno museu que guarda relíquias religiosas, objetos de fármacia de manipulação e livros sobre medicina.  O mosteiro tem ainda uma bibioteca com cerca de 30.000 volumes, entre eles 22 incunábulos (primeiros livros impressos) e 1.500 valiosos manuscritos.

Os franciscanos chegaram em Dubrovnik cerca de 1234, e construiram um monastério no local onde hoje é o Hotel Hilton Imperial. Porem em 1317 este mosteiro original foi demolido,  pois temia-se que ele fosse atacado e tomado por invasores. Caso isso acontecesse, ia transformar-se num quartel-general dos inimigos. Por isso decidiu-se pela demolição e construção de um novo monastério dentro da cidade murada, o que visitamos.

A construção foi contínua, através dos séculos, mas foi severamente danificado pelo terremoto de 1667.





Com essa montoeira de turista, contraste de luz desfavorável e com minha diminuta capacidade de fotógrafo amador empunhando uma câmera de poucos recursos, não foi possivel se fazer boas fotos do mosteiro. Por isso “roubatilhei” duas fotos, abaixo :


From : fotocommunity.de

From : wikimedia

Na entrada do mosteiro, há uma admiravel escultura Pietá sobre a porta, feita pelos escultores  locais Petar e Leonard Andrijic, em 1498. A escultura ainda é a original, não foi danificada pelo terremoto de 1667.

Dentro do mosteiro ainda funciona a terceira mais antiga farmácia da Europa, em funcionamento desde 1391. Essa teria sido a primeira na Europa aberta ao publico em geral.

A antiga farmácia do mosteiro franciscano de Dubrovnik.
Fonte : Wikimedia

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