Saimos de Dubrovnik as 9:40 de 16/09/2016 para seguir viagem até Zadar. Antes fizemos uma rápida parada em Makarska, para o almoço e pequeno passeio; e um tour em Split.
A poucos quilometros de Dubrovnik traspassamos a fronteira da Bósnia, após breves procedimentos de imigração. Alguns quilomestros após, saimos da Bósnia. Novos procedimentos de imigração. Existe um pequeno trecho de terra que divide a Croácia, dando à Bósnia um acesso ao mar Adriático.
Curiosamente, a Croácia é cortada perto de Split. “Split” em ingles quer dizer “cortar, dividir”.
Almoçamos num restaurante de frutos do mar. Mandei gratinar uma dessas…
Na promenade beira-mar de Makarska existe esta estátua. Dizem que tocar nos seios da moça dá sorte. Vamos ver se funciona.
Igreja de São Marcos, do século XVII. Sim, Makarska é uma cidade muito antiga. No século III já era um importante ponto do Império Romano.
O portinho de Makarska, com seus barquinhos de gente rica.
A promenade beira-mar de Makarska é pontilhada por palmeiras, com coquinhos parecidos com o nosso butiá.
Nossa parada em Makarska foi realmente muito breve, se resumindo no almoço e num passeio na beira-mar.
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Seguimos a viagem, e em 2,5 horas de ônibus, chegamos a Split.
Split é uma cidade com 195 mil habitantes (2005), a segunda maior da Croácia, dos quais 96% são de origem étnica croata. Durante a era da Iugoslária, Split era um centro econômico fortíssimo, com industrias navais, alimentícias, químicas, plásticos, vestuário, celulose, etc. Com o fim do socialismo e a chegada da economia de mercado e da introdução da competitividade do capitalismo, a maior parte das fábricas socialistas fecharam suas portas, causando um enorme indice de desemprego. Apesar disso, consegui manter-se como importante centro de serviços, de transportes e comércio.
Atualmente prospera lentamente em indices estáveis, graças ao comércio, turismo e a reabertura de algumas das fábricas fechadas.
O centro velho de Split abriga uma das grandes jóias da história do Império Romano : o Palacio de Diocleciano. O surgimento de Split costuma ser associado à construção deste palácio, entretanto há provas de existencia uma colonia grega anterior no local. Diocleciano governou o Império Romando entre 284 até 305 d.C.. Ordenou em 293 d.C. a construção do palácio, que deveria estar pronto por ocasião de seu afastamento da vida política. Era então uma mega-mordomia, uma “casinha de praia” destinada à sua aposentadoria. Como podem ver, o tempo passa, o tempo voa, e a vida dos políticos continua numa boa.
Reconstituição do Palácio de Diocleciano.
As muralhas tinham a extenção de 170 a 200 metros em cada lado, e altura de 15 a 20 metros. Todo complexo ocupava 38.000 m2, um pouco mais de 1,5 alqueire paulista.
Busto de Diocleciano
Ao longo da sua história, Split foi governada pelo Império Romano, pelo Império Bizantino; pelos croatas e húngaros. Em 1420 foi tomada pela Republica de Veneza; e em 1707 foi a vez do império Austro-hungaro expulsar os venezianos. Entre 1806 até 1813, esteve sob controle de Napoleão Bonaparte.
Diocleciano
É impossivel dissociar Split de Diocleciano.
Nascido pebleu, de família pobre, Diocleciano ascendeu socialmente como militar do exércio do imperador Caro. Com a morte de Caro e de seu filho Numeriano durante uma batalha, Diocleciano foi aclamado imperador, num golpe de tremenda sorte. Um outro filho de Caro, Carino, na condição de sucessor herdeiro, reclamou o trono, mas foi derrotado por Diocleciano após disputas militares. A rigor, Diocleciano foi um ursupador.
Administrador hábil, Diocleciano dividiu o poder com outros 3 lideres, Maximiano, Galério e Constâncio, com cada um governando uma quarta parte do grande Império Romano. Diocleciano foi um grande imperador, formalizando uma forma de governo, fortalecendo o exército, gerenciando a economia, pacificando algumas áreas e criando um eficiente (e pesado) sistema tributário.
Entretanto, Diocleciano ficou na história pela sua campanha contra os cristãos. O imperador temia a igreja Católica, que constituia um poder paralelo. Teriam então os cristãos obrigados a abandonarem suas crenças religiosas e muitos teriam sido jogados aos leões no Coliseu de Roma.
A última oração dos mártires cristãos, por Jean-Léon Gérôme (1883)
Mas, os historiadores modernos desconfiam que a própria igreja Católica, no afã de criar seus mártires e heróis, exagerou na pintura do quadro. Afinal, cada um pinta o seu Diabo com as suas próprias pinceladas. Admitem hoje os historiadores que essa perseguição não foi tão cruel e rigorosa. Calculam que foram 3000 o número de cristãos mortos em razão da perseguição. Muito menos que os mortos de quaisquer das ditadurinhas merrecas e guerras separatistas por aí afora.
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Planta do Palacio de Diocleciano
Subterrâneos do Palácio
Para a alegria dos historiadores e antropólogos, foi descoberto esse depósito de lixo no subterraneo do palácio. Provavelmente era um depósito provisório. Hoje ele é uma fonte importante de pesquisa. Os tubos era manilhas de esgoto.
Um pequeno coral se apresenta no interior das ruinas do Palácio de Diocleciano.
Peristilo era um elemento arquitetônico, presente nas casas de luxo e palácios romanos. Constituia de um pátio interno, cercado de colunas. O peristilo do Palácio de Diocleciano era espetacular.
Peristilo do Palácio de Diocleciano, em Split, Croacia. Gravura de Robert Adam, 1764.
Para o horror e tristeza dos anti tabagistas, o milenar e esplêndido peristilo virou um reles fumódromo. Os fumantes tem direito a almofadinha vermelha e um aparador de madeira, com cinzeiro em cima. O tabagismo na Croácia é bastante tolerado.
Templo de Jupiter
Próximo ao peristilo, está o templo dedicado à Júpiter, deus Romano do céu, do trovão, e rei dos deuses. Entre os gregos, Júpiter é Zeus.
O templo foi construído entre 295 d.C. a 305 d.C., durante a construção do palácio. Diocleciano acreditava ser reencarnação de Júpiter, por isso ordenou a construção. Taí um exemplo de falta de modéstia.
Interior do templo de Júpiter.
No fundo, a esquerda há um sarcófago com os corpos dos arcebispos de Split, Ivan de Ravenna (morto em 10 d.C.) e Lovre (morto em 1099). Voce pensou que era o sarcófago de Diocleciano, certo ? Errou.
No século VI, acredita-se que o templo tenha servido de batistério católico. Ironia do destino, Diocleciano, o perseguidor dos cristão ter seu templo transformado em batistério.
O teto do templo, formado por arcos de pequenos blocos de pedra, está inacreditavelmente bem conservado.
Quando entrei no templo, vi uma estátua. “Júpiter”, pensei. E logo estranhei, uma figura caquética e mal nutrida daquelas não pode ser o poderoso Júpiter. Eu imagino Júpiter um ser poderoso, musculoso, empunhando uma espada enorme, com cara de quem quer sair dando porrada em tudo.
Estátua de São João Batista no Templo de Júpiter.
O bloco negro que aparece nesta foto é uma esfinge egipcia, datada de 1500 a.C., original. Diocleciano trouxe esta esfinge de Luxor, Egito. Mas ela foi danificada, está sem a cabeça. Inacreditável que ela está aí ao relento, à mercê de vandalismo, de ataque de algum maluco. Ao lado da esfinge, um amadorístico e horrendo cartaz convidando os turistas a visitar o templo.
Um dos portões de entrada para o palácio.
Um dos lados da muralha do palácio. Arrisco dizer que o buraco na parede, abaixo, era um forno de assar pão, feito por um cidadão comum, após a queda do império romano.
Torre do sino da Catedral de Split
A Catedral Católica de St. Domnius (Katedrala Svetog Duje ou Sveti Dujam) foi construida no século 4, e é a mais antiga catedral no mundo que preservou sua forma original, exceto a torre do sino, que sofreu alterações no século 12.
A catedral parece ser uma vingança do Igreja Católica : foi construida dentro do Palácio de Diocleciano após a sua queda. Diocleciano foi um grande perseguidor dos cristãos.
É praticamente impossivel tirar boas fotos dentro da catedral sem equipamento apropriado, a luz é ruim. Por isso roubei esta foto de outro site :
Catedral de Split – fonte : nowwhatstheplan.com
Pequeno altar na Catedral St. Donmius, Split, Croacia
Estátua do Bispo Gregory of Nin
Teatro de SplitPequena praça em Split
Selfie na promenade beira-mar de Split. Tive que dar uma entortada na foto, para corrigir o horizonte.
Praça da Republica em Split, Croácia. Ela tem predios com colunas nos tres lados, e o lado que fica de frente para o mar é aberto. É uma das mais bonitas praças da Croácia.
Marina de Split – fonte : nowwhatstheplan.com
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